... Apertando um pouco mais a arma à minha nuca, ele respondeu:
"Você me pergunta porque? Este é o problema de todos vocês, não entendem que estamos sempre sendo julgados mesmo que indiretamente, tudo que você está sentindo agora nem se iguala ao sabor da morte, ao sabor de perder tudo.
Eu tinha certeza que iria morrer, aquele discurso acabará com minhas esperanças, mas não havia acabado...
"De nada adianta marca ou tempo ou contá-lo. Se você vai continuar esperando a fórmula mágica para fugir da morte, quanto mais você corre mais perto ela está. O tempo é só mais uma estrada para a morte! "
Com um movimento rápido, ele pega minha ampulheta e a quebra e volta sua arma novamente para mim.
"Ela marcava quatro minutos quando o tempo se esgotou para ela. Eu não pretendo revolucionar sua vida ou o mundo, mudando mentes, a única coisa que eu quero é que você entenda é que está dor, este sentimento de morte eminente, é só uma parcela maior da dor que você sente quando sofre pequenas ou grandes derrotas. "
Uma ideia nova corria em minha mente. Eu continuaria vivo, aquela experiência estava de algum jeito me dando uma sensação de liberdade.
Minha coragem e certeza eram tantas que eu tive de me virar para encará-lo, seus olhos eram escuros e sua expressão era de raiva, e eu estava disposto a perguntar onde nascera aquela raiva.
"Há anos eu tenho procurado alguém que me entenda, já tinha levado várias pessoas ao limite para aceitarem o caminho da morte e para que se sintam satisfeitas com suas vidas, até hoje nenhuma havia me entendido. A minha raiva nascera no momento em que sua coragem despertou no momento em que eu percebi que você acreditou e confiou na minha filosofia, você se tornou o sonho que eu realizei. "
Antes que outra palavra fosse dita o gatilho foi puxado, para ele, aquele homem não poderia mais viver, porque ele representava o sonho realizado de um deles e o homem que tirou-lhe a vida não se sentiria satisfeito com o fim de sua busca e com o vazio que começava a dominar sua mente.
Matheus.
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